Uma mulher que morreu em Serra Leoa pode ter sido vítima do vírus Ebola, informou nesta quinta-feira um porta-voz do governo, horas após a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar o fim da epidemia na África Ocidental.
Segundo o porta-voz do governo, Abdulai Bayraytay, a possível morte por Ebola foi detectada na cidade de Magburaka, no distrito de Tonkolili.
Um alto funcionário do ministério da Saúde confirmou a informação e precisou que espera os resultados de novas análises, na sexta-feira, após um resultado positivo para Ebola entregue nesta quinta.
Depois do resultado positivo, uma equipe formada por responsáveis de saúde de Serra Leoa, da OMS e do centro americano de controle e prevenção de enfermidades foi enviada ao local para realizar uma investigação intensiva.
Segundo o funcionário do ministério da Saúde, a vítima seria uma estudante, que ficou doente na localidade de Baomoi Luma, distrito de Kambia, na fronteira com a Guiné, de onde foi levada por terra para Magburaka, onde faleceu.
A OMS anunciou oficialmente nesta quinta-feira o fim da epidemia de ebola na África Ocidental, ao declarar a Libéria, o último país afetado, livre da doença, que matou mais de 11.000 pessoas em dois anos.
A epidemia foi declarada em dezembro de 2013 no sul da Guiné e depois se propagou rapidamente para a Libéria e Serra Leoa, os três países mais afetados, depois de atingir em menor escala a Nigéria e o Mali.
Em dois anos afetou 10 países, incluindo Espanha e Estados Unidos, e, oficialmente, provocou a morte de 11.315 dos 28.637 contagiados. Este balanço de vítimas é superior ao de todas as epidemias de ebola acumuladas desde a identificação do vírus no centro da África em 1976.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu na quarta-feira que se preveem novos focos da doença nos próximos anos, embora seu alcance e a frequência deve diminuir com o tempo.
Nos piores momentos da epidemia, os países mais afetados temeram o colapso.
Alguns dias recolhíamos mais de 40 ou 50 corpos, lembra na Libéria Naomi Tegbeh, sobrevivente que se encarregava dos cadáveres mais contagiosos.
O centro anti-ebola da ONG Médicos Sem Fronteiras em Monróvia teve que duplicar sua capacidade de acolhida, mas no ápice da epidemia se viu obrigado a recusar pacientes por falta de lugar.
A doença transformou o modo de vida dos países afetados, cujos habitantes foram obrigados a evitar qualquer contato físico entre eles e com os mortos. A proibição foi muito resistida por parte da população, apegada aos ritos funerários que implicam em lavar o corpo dos mortos.
Em outubro de 2014, o governo da Libéria teve que emitir a drástica ordem de incinerar todos os cadáveres, independentemente da causa da morte: Queimem todos.
Os serviços de saúde, sobrecarregados pela catástrofe, multiplicaram as medidas de exceção – como decretar a quarentena em regiões inteiras.
Em alguns lugares a população se rebelou violentamente contra medidas de prevenção mal explicadas e decisões percebidas como autoritárias.
As manifestações mais violentas foram registradas na Guiné, país onde existe uma grande desconfiança entre o poder e a população, e culminaram com a morte em setembro de 2014 de uma equipe de sensibilização em Womey, no sul, epicentro original da epidemia.
A ONG Médicos Sem Fronteiras pediu que lições sejam tiradas da crise sanitária. A mobilização não somente se viu limitada pela falta de meios internacionais, mas também pela falta de vontade política para enviar ajuda rapidamente, destacou a presidente do MSF, Joanne Liu, em comunicado. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 828