O Mediterrâneo está próximo do esgotamento, com um desenvolvimento econômico inédito que ameaça ecossistemas já degradados e espécies ameaçadas de extinção, advertiu nesta terça-feira a organização ambientalista WWF-França.
Este mar semi-fechado, que abriga entre 4% e 18% das espécies marinhas conhecidas, distribuídas por uma área de menos de 1% dos oceanos do mundo, está enfrentando um aumento sem precedentes da exploração de petróleo e gás.
Os contratos de exploração de petróleo e gás offshore se estendem a mais de 20% do Mar Mediterrâneo e poderão expandir para duas vezes esta superfície, estima WWF em um relatório.
Isto é muito, especialmente quando sabemos dos riscos sísmicos da região, ressalta Pascal Canfin, CEO da WWF-França. Segundo ele, a multiplicação e crescimento das atividades econômicas nesta área colocam o Mediterrâneo no caminho do esgotamento.
Os projetos de exploração de hidrocarbonetos e as atividades de perfuração estão fervilhando em todo o Mediterrâneo há vários anos.
Segundo a ONG, a produção de petróleo no mar poderia aumentar em 60% entre 2010 e 2020 na região do Mediterrâneo, passando de 0,7 milhão de barris por dia para 1,12 milhão de barris por dia.
As reservas de petróleo do Mediterrâneo são responsáveis por 4,6% das reservas mundiais, aponta o relatório.
Quanto à produção de gás no mar, poderia quintuplicar entre 2010 e 2030, de 55 milhões de toneladas por ano para 250 milhões.
Segundo a ONG, além de exploração de petróleo e gás, todos os setores tradicionais da economia marítima, como os transportes, turismo, a aquicultura têm crescido exponencialmente e continuarão a crescer ao longo dos próximos 20 anos com exceção da pesca profissional.
500 milhões de turistas em 2030
O transporte marítimo deverá dobrar até 2030. E as chegadas de turistas internacionais no Mediterrâneo deverão aumentar em 60% entre 2015 e 2030 para atingir os 500 milhões em 2030.
Em todo o Mediterrâneo, mais 5.000 km de litoral serão artificializados (construção de estradas, edifícios…) até 2025, em comparação com 2005, segundo a WWF.
A ONG, que analisou a economia marítima dos oito países mediterrânicos da União Europeia (Croácia, Chipre, França, Itália, Grécia, Malta, Eslovênia, Espanha), também antecipa uma expansão da mineração.
Esta evolução cria uma concorrência crescente entre os setores por uma área limitada e recursos marinhos limitados, resultando em novos impactos nos ecossistemas já sob pressão, prevê WWF.
Enquanto 90% das populações de peixes são excessivamente exploradas, WWF também espera uma diminuição considerável da pesca profissional no Mediterrâneo. O desenvolvimento de atividades como a mineração dos fundos marinhos e da extração de petróleo irá contribuir claramente para agravar a situação.
A ONG, que se opõe a qualquer nova exploração de petróleo e gás offshore, exige o estabelecimento de áreas marinhas protegidas fora das águas territoriais, a regulamentação do tráfego marítimo e a introdução de dispositivos anti-colisão para cetáceos.
De acordo com WWF, a UE, que tem como meta um retorno ao bom estado ecológico das águas marinhas europeias até 2020, tem um papel crucial. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 1052