A Romênia recorda nesta quinta-feira o pogrom de Bucareste, de janeiro de 1941, uma das páginas mais negras de sua história, quando 151 judeus foram mortos e centenas de propriedades e locais de culto saqueados.
Reunidos na grande sinagoga de Bucareste, vandalizada há 75 anos, várias dezenas de judeus, representantes das autoridades romenas e diplomatas depositaram coroas de flores em homenagem às vítimas.
Estes acontecimentos trágicos (…) representam uma página dolorosa, uma página negra na história dos judeus da Romênia e do povo romeno como um todo, declarou Aurel Vainer, deputado da minoria judaica no parlamento de Bucareste.
Em 21 de janeiro de 1941, membros da Guarda de Ferro, um movimento fascista e antissemita associado ao governo pelo marechal pró-nazista Ion Antonescu, organizaram uma rebelião para tomar todo o poder.
Eles semearam uma onda de terror entre os judeus, matando 151 deles e saqueando 616 lojas e vinte sinagogas, segundo o relatório de uma comissão de historiadores liderada pelo Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel.
Referindo-se a essas atrocidades, Vainer cita, entre outros crimes, a execução no matadouro de Bucareste de dez judeus, cujos corpos foram posteriormente pendurados em ganchos sob a inscrição carne kosher.
Hordas de legionários (membros da Guarda de Ferro) tomaram de assalto os bairros judeus, saqueando e incendiando imóveis, embarcando em caminhões dezenas de pessoas que foram executadas na floresta de Jilava, ao sul de Bucareste, lembrou por sua vez o historiador Adrian Cioflânca.
Segundo ele, as autoridades da época deixaram que os legionários espalhassem o caos, sem responder aos apelos desesperados dos judeus.
Nós, os sobreviventes, temos o dever de relembrar esses eventos para evitar a sua recorrência, e homenagear todos os não-judeus que salvaram judeus durante este momento difícil, disse Vainer.
A comunidade judaica da Romênia, com 800.000 pessoas antes da Segunda Guerra Mundial, conta hoje com cerca de 5.700 pessoas.
De acordo com o relatório Wiesel, entre 280.000 e 380.000 judeus romenos e ucranianos morreram sob o regime de Antonescu entre 1940 e 1944, nos territórios controlados pela Romênia. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 1150