SÃO PAULO – Quem olhou apenas para os números da BM&FBovespa na noite de quinta-feira (18) pode ter tomado um susto com o ajuste contábil feito no valor de R$ 1,7 bilhão (R$ 1,1 bilhão, líquido de imposto), o que levou o lucro de R$ 534,1 milhões da companhia no quarto trimestre para um prejuízo de R$ 407,5 milhões. Porém, o diretor de Relação com Investidores da empresa, Rogério Santana, explica que não há nenhum problema neste impairment.
Em entrevista ao InfoMoney, ele explicou que este ajuste está relacionado com o ágio fundamentado em expectativa de rentabilidade futura gerado na aquisição da Bovespa Holding em 2008. Segundo Santana, quando uma empresa faz uma aquisição é preciso reportar em seu balanço este ágio e, a partir de então, realizar testes periódicos para analisar se este ativo manteve o seu valor de mercado com o passar do tempo.
Desde a aquisição, feita em 2008 por cerca de R$ 16 bilhões, a BM&FBovespa reporta anualmente em seu resultado este teste de valor recuperado, sendo que nunca foi necessário realizar nenhum ajuste contábil, segundo o diretor. Porém, em 2015, o teste mostrou ser necessário um ajuste nos valores.
Estes números refletem o atual momento econômico pelo qual passa o País. Este valor [R$ 1,7 bi] serve para mostrar quanto este ativo vale, se, por exemplo, ele fosse vendido hoje, explica Santana. Estão nas regras da CVM a necessidade deste teste e de reportar o ajuste, e é o que estamos fazendo, completa.
O diretor explica que a atual dinâmica econômica, combinando um baixo crescimento com taxas de juros elevadas levaram a um valor recuperado mais baixo, resultando no ajuste apresentado neste balanço. É importante deixar claro que este valor é meramente contábil, ele não tem impacto na geração de caixa da empresa e não vai afetar nossos negócios, afirma Santana.
Em termos recorrentes, a BM&FBovespa teve lucro de R$ 534,1 milhões nos últimos três meses do ano passado, contra R$ 373,2 milhões no mesmo período de 2014. No acumulado do ano, o resultado ajustado atingiu R$ 1,819 bilhão, uma alta de 23% sobre o ano anterior.
No quarto trimestre, a receita líquida da companhia teve alta de 1,8% sobre um ano antes, atingindo R$ 543,2 milhões, enquanto o resultado financeiro teve um salto de 436,2%, passando de R$ 54,1 milhões para R$ 289,8 milhões. No acumulado do ano, a receita atingiu R$ 2,216 bilhões, com ganhos de 9,2% em um ano, enquanto o resultado financeiro foi a R$ 508,8 milhões, uma alta de 144,4%.
Segundo o Diretor Executivo Financeiro, Daniel Sonder, o crescimento observado tanto na receita total como no lucro líquido em 2015 destaca a base diversificada de receitas com uma equilibrada exposição a produtos nos mercados de ações, taxas de juros e câmbio. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 3658