SÃO PAULO – Pelo 5° pregão seguido, o Ibovespa testou a barreira dos 50.000 pontos, atingida pela primeira vez este ano quando foi deflagrada, na última sexta-feira, a 24ª fase da Operação Lava Jato, que teve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como alvo. A partir daquele pregão, as apostas para a Bolsa começaram a ganhar projeções cada vez mais otimistas, com analistas projetando o Ibovespa até os 60.000 pontos, enquanto o dólar o caminho traçado era de mais queda, podendo atingir os R$ 3,00.
Mas, sem força depois de tantas altas, o Ibovespa começou a ver nos 50.000 pontos sua pedra no caminho. Hoje, completa o quinto pregão que o índice se aproxima da região, mas não consegue ultrapassá-la, desenvolvendo nesses dias um movimento de lateralização.
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Um respiro no final do pregão de hoje até pareceu que poderia levar o índice para cima, mas a euforia que se viu não foi o suficiente para quebrar esse paredão. Com a notícia de que o Ministério Público de São Paulo pediu prisão preventiva do ex-presidente, o Ibovespa, que operou no negativo hoje, ganhou força e fechou em alta de 1,86%, a 49.571 pontos.
Diante da 5 tentativa seguida, fica o questionamento: o que falta então para o mercado superar os 50.000 pontos? Para especialistas consultados pelo InfoMoney, não seria tanto uma questão de força compradora, mas sim um respiro que o mercado está tomando antes de vir novos desdobramentos da Operação Lava Jato.
Para João Pedro Brugger, economista da Leme Investimentos, o rali do impeachment ainda não acabou, só está tirando uma folga porque subiu demais em muito pouco tempo. Quando o Ibovespa sobe tão rápido é natural que haja uma realização, diz Brugger, que vê o cenário ainda indefinido embora a balança esteja, neste momento, pesando mais para o lado de uma saída da presidente Dilma Rousseff e do PT do governo.
O mercado ainda espera muito deste front político. É um cenário que vai durar, com qualquer fato forte que indique que PT está saindo do governo fazendo a Bolsa subir mais, afirma o economista. A Bolsa, para ele, ainda aguarda grandes eventos que ocorrerão neste fim de semana: o Congresso do PMDB, no qual o partido provavelmente decidirá se desembarca de vez da base do governo, e as manifestações pelo impeachment no dia 13.
Para o analista gráfico Fernando Góes, da Clear Corretora, esse fôlego que o mercado tomou essa semana veio até mais ameno do que o previsto. O mercado esperava uma correção um pouco mais acentuada do índice, depois de ter subido 18% semana passada, mas não foi o que ocorreu, mas sim um movimento de lateralização, mostrando que a força compradora segue muito forte ainda, comenta.
O mercado segue na expectativa do que virá, disse o analista gráfico André Moraes. Os próximos desdobramentos políticos poderiam ter força para levar o Ibovespa para a região dos 55.000 pontos, onde encontraria sua próxima resistência, diz o analista. Do lado oposto, se o mercado virar de mão, o próximo suporte ficaria na região dos 45.000 pontos. Ele pondera, no entanto, que em função da elevada volatilidade – muito diferente da que se tem visto nos últimos cinco anos -, é bom o investidor ter cautela. Entre as blue chips com mais espaço a ganhar com uma nova arrancada do Ibovespa, Góes acredita que Petrobras seria a que tem mais chão a percorrer – entre os R$ 9,00 e R$ 9,50.
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