SÃO PAULO – O Ibovespa subiu pela quarta semana consecutiva em meio a mais notícias da Operação Lava Jato, que está cada vez mais perto de membros do alto escalão da gestão Dilma e impulsiona os mercados com os investidores vendo maior probabilidade de uma mudança de governo. Nos próximos dias, a política continuará dando o tom, e com mais força do que nunca. Nem mesmo no fim de semana o investidor poderá deixar de ficar ligado, já que dois dos maiores e mais importantes eventos ocorrerão neste sábado e neste domingo.
O primeiro é o Congresso do PMDB, que ocorre neste sábado e deverá sacramentar a reeleição do vice-presidente da República, Michel Temer, como presidente nacional da sigla. Mas mais importante que isso, no encontro do partido poderá ser definido o rompimento com o governo. Para o economista da Rio Bravo Investimentos, Evandro Buccini, é muito difícil prever o que o PMDB, volúvel como é, irá fazer, mas as sinalizações recentes são de desembarque da base aliada. Até mesmo o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), está dando sinais de que pode desembarcar, diz. Ele lembra ainda que o partido tem uma estratégia para as eleições municipais que pode passar por um descolamento do PT para ganhar mais votos.
Já no domingo, virão as manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Buccini acredita que elas serão fortes e impactarão a Bolsa positivamente. Um dos elementos que tornam estes atos diferentes dos do fim do ano passado é a presença em massa de partidos da oposição. Com presença praticamente confirmada estão os senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO), Aloysio Nunes (PSDB-SP), José Serra (PSDB-SP) e os deputados Mendonça Filho (DEM-PE), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Paulinho da Força (SDD-SP) e Antonio Imbassahy, líder do PSDB na Câmara. O senador Aécio Neves, presidente do PSDB, não confirmou presença, mas cogita se unir ao grupo.
De acordo com a consultoria Arko Advice, a expectativa é de que os protestos de domingo contem com um número igual ou superior aos de 15 de março de 2015, mesmo após os últimos protestos terem encolhido. A manifestação de março do ano passado contou com a presença de três milhões de pessoas (segundo a Polícia Militar, com 2,4 milhões).
Ainda no noticiário político da semana, a Câmara vota a bomba de R$ 300 bilhões no Orçamento, que é a mudança no cálculo da renegociação das dívidas dos estados e municípios. O economista da Rio Bravo não acredita que passe, já que uma aprovação teria um impacto tão negativo que nem a oposição teria coragem de aceitar. O impacto na Bovespa deve ser nulo em caso de não aprovação ou de adiamento e extremamente negativo caso o projeto passe.
Uma análise pela juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira do pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Ministério Público de São Paulo também entra no radar, mas é bem improvável que ela acate. Mesmo membros da oposição criticaram o pedido dos promotores por falta de argumentos legais que o justificassem. No caso bastante improvável dele ser aceito, a Bolsa deve disparar, diz Buccini.
Por fim, na agenda econômica, o principal evento é a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) na quarta-feira (16). Nas projeções da Bloomberg, pelo menos três economistas acreditam em um aumento da taxa de juros, mas o economista da Rio Bravo considera bastante improvável este cenário. O mercado vai se preocupar muito mais com o discurso do que com o ato, uma vez que será uma reunião com projeções e coletiva de imprensa. Neste caso, acredito que eles vão indicar que vão subir juros ao longo do ano porque o petróleo deu uma recuperada e a inflação surpreendeu para cima, explica.
Em relatório, a equipe econômica do Bradesco lembra que dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e de arrecadação da Receita Federal, ambos referentes a fevereiro, poderão ser divulgados ao longo da semana.
A seguir, os destaques da agenda econômica semanal:
IBC-Br (Brasil) O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) inicia a semana dos indicadores brasileiros, devendo mostrar um recuo da economia de 0,1% em janeiro, depois de fazer uma retração de 0,52% em dezembro. O IBC-Br será divulgado na segunda-feira (14) às 8h30 (horário de Brasília).
PPI e CPI (China) Na terça-feira (15) às 9h30 e na quarta-feira (16) no mesmo horário, os EUA divulgarão respectivamente o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) e o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na silga em inglês). As expectativas medianas do mercado são de uma queda de 0,1% no PPI de fevereiro na comparação anual, após um avanço de 0,1% no PPI de janeiro e um recuo de 0,2% do CPI no mesmo mês, na base anual, depois do índice registrar uma estabilidade no mês anterior.
FOMC (EUA) O Federal Open Market Committee divulga a sua decisão de juros na quarta-feira (16) às 15h. É um dos eventos mais importante do cenário macroeconômico da semana e deve ser acompanhado de perto pelos investidores.
Mudança de horário na Bovespa O investidor que penou para se acostumar ao novo horário de negociação da Bovespa pode comemorar: a partir da semana que vem voltaremos ao velho período das 10h às 16h55 (horário de Brasília) para negociação de ações. Ou seja, teremos uma hora a menos de pregão à vista. Os contratos futuros de Ibovespa, por sua vez, operarão das 9h às 18h. Outra grande novidade é que voltaremos a ter after-market das 17h25 até às 18h. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 5915