Os vegetais se adaptam melhor ao aquecimento global do que os cientistas imaginavam – é o que sugere um novo estudo segundo o qual a alta dos termômetros não altera sua capacidade de armazenar dióxido de carbono (CO2).
Esta capacidade das plantas de acumular CO2 permite limitar, em certa medida, o aumento das temperaturas globais.
Este novo modelo de computador indica que alguns ecossistemas emitem menos C02 do que pensávamos pela respiração das folhas à noite, como resultado do aquecimento global, explica Kevin Griffin, fisiologista de plantas do Observatório da Terra de Universidade de Columbia (Nova York).
Ele é co-autor da pesquisa publicada nesta segunda-feira nos Anais da Academia Americana de Ciências (PNAS).
Os cientistas já sabem que as plantas respiram mais rápido quando está mais quente. Temia-se que o aumento das temperaturas globais, como resultado das emissões das atividades humanas de CO2, acabaria tornando menos eficaz sua respiração noturna, rejeitando mais emissões de CO2 do que capturam com a fotossíntese durante o dia, sob a influência da luz.
Até agora, os modelos climáticos tinham como premissa que a respiração da planta ou a liberação de CO2 durante a noite aumentava na mesma proporção que o aumento das temperaturas.
Todos os vegetais, especialmente as florestas, absorvem cerca de 60 bilhões de toneladas de CO2 anualmente, cerca de seis vezes o que os seres humanos produzem com a queima de combustíveis fósseis. Isto faz com que surjam sumidouros de carbono – essenciais para limitar o aquecimento global.
Este novo estudo mostra que a taxa de aumento das emissões de CO2 pelas plantas, que aumentam a curto prazo, se estabilizem rapidamente em todas as regiões do globo.
Estes resultados levam a uma redução acentuada nas estimativas de emissões de CO2 pelas plantas, especialmente em regiões mais frias, dizem os pesquisadores.
– 231 espécies testadas –
Estes estudos sugerem também que todas as plantas têm o mesmo mecanismo interno de controle de temperatura, um tipo de termostato.
Para este estudo, os investigadores implantaram seus instrumentos em muitas partes da Terra, da tundra do Alasca às florestas boreais de Minnesota e da Suécia, das do vale do rio Hudson (NY) às regiões tropicais do Peru e Guiana Francesa, passando pelas pradarias do Texas e da Austrália.
Eles foram capazes de medir as respostas de 231 espécies de plantas sujeitas a esta experiência em um aumento da temperatura.
Os cientistas calcularam que o Alasca incluindo o aumento das emissões de CO2 pelas plantas sob o efeito de aquecimento foi 28% menor do que o estimado anteriormente.
Estes resultados são importantes para estimar o armazenamento de CO2 na vegetação e prever as concentrações atmosféricas desse gás e mudanças de temperatura na superfície da Terra, avalia Mary Heskel, pesquisadora do Laboratório de Biologia Marinha de Massachusetts, principal autora da pesquisa.
No entanto, estes resultados não significam necessariamente que os novos modelos climáticos baseados nestes dados novos vão projetar um aquecimento menor no futuro, relativiza Kevin Griffin.
O ciclo global do carbono é vasto e complexo, com CO2 emitido e capturou continuamente por vegetação, lagos e oceanos, ou para escapar do permafrost, dos vulcões ou produzido pelas atividades humanas.
Agora nós temos uma estimativa melhor desses processos, mas é apenas um processo, disse a cientista. O sistema é bastante complexo e uma pequena mudança de equilíbrio em uma de suas partes pode realmente ter um impacto significativo. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 6671