A ilha de Lesbos, por onde passaram Angelina Jolie e o artista chinês Ai Weiwei e que no sábado será visitada pelo papa Francisco, se converteu desde 2015 em ponto de encontro das personalidades de todo o mundo comprometidas com a causa dos refugiados.
Até agora esta ilha próxima à costa turca era conhecida sobretudo por seu ouzo (um licor de anis) e por ser o local de nascimento de Safo, uma poetisa da antiguidade convertida em símbolo da homossexualidade feminina.
Mas há mais de um ano Lesbos é a porta de entrada na Europa de milhares de refugiados que fogem da guerra e da miséria, principalmente em Síria, Iraque e Afeganistão, e se converteu em um foco de atenção humanitário e midiático, como havia sido meses antes a ilha italiana de Lampedusa.
Em março recebeu a visita de Angelina Jolie, a atriz americana que também é embaixadora da boa vontade da agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) e que quer chamar a atenção para a crise migratória mais grave já vivida pelo continente desde a Segunda Guerra Mundial.
Durante sua visita, o Papa, acompanhado pelo patriarca ortodoxo Bartolomeu, pode cruzar com o artista e dissidente chinês Ai Weiwei, que instalou um ateliê em Lesbos depois de ter visitado a ilha pela primeira vez em dezembro.
Lesbos também recebeu a atriz Susan Sarandon, que assim como outras personalidades quer sensibilizar a comunidade internacional para a tragédia dos migrantes, muitos dos quais, entre eles crianças, morreram no mar Egeu tentando chegar.
Os 80.000 habitantes de Lesbos também se solidarizam com os migrantes, em uma ilha que viveu outras ondas migratórias no passado, como a de milhares de gregos que em 1922 chegaram depois de serem expulsos da Turquia pelas tropas de Mustafa Kemal Ataturk.
No povoado de Skala Sykaminia, no norte da ilha, uma senhora de 80 anos se converteu em uma estrela midiática por uma foto na qual aparece dando uma mamadeira a um bebê sírio.
A mulher, assim como Susan Sarandon e um pescador da ilha que salvou migrantes, foi indicada por várias personalidades para o prêmio Nobel da Paz.
As principais ONGs mundiais, como Médicos do Mundo ou o International Rescue Committee, também estão mobilizadas na ilha e têm o apoio de voluntários provenientes de toda a Europa.
Nas últimas semanas as chegadas de migrantes diminuíram após a entrada em vigor do acordo entre a UE e a Turquia no dia 20 de março, que abre caminho para a expulsão de migrantes à Turquia e quer cortar a rota através do Egeu.
No sábado, o Papa planeja se reunir com os migrantes no campo de Moria, onde estão agora depois de terem passado meses nas ruas ou nas praias.
Por sua vez, os trabalhadores humanitários cederam pouco a pouco seu lugar à polícia de vários países da UE, que controlam o processo de expulsão à Turquia. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 8138