Uma exposição interativa e uma série de espetáculos homenageiam a coreógrafa Maria Duschenes. De origem húngara, a artista foi uma das responsáveis por difundir os conceitos de Rudolf Laban no Brasil entre 1960 e 1990. A programação pode ser vista no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC), no Parque do Ibirapuera, até 10 de julho.
As ideias de Laban, que influenciaram decididamente o trabalho de Duschenes, estão baseadas no estudos dos movimentos do corpo e a relação deles com o espaço. “Você trabalha o corpo, além do exercício de repetição do movimento, uma consciência de como o corpo funciona”, explica a idealizadora da mostra, Maria Mommensohn. Ela era uma das alunas de Duschenes, morta em 2014.
“Essa perspectiva é muito aplicada hoje em qualquer técnica. Você vai ter bailarinos clássicos que não se machucam mais tanto, como antigamente. Porque eles têm essa consciência de como você vai além do seu limite sem uma lesão. A lesão vem de um desconhecimento de como o seu corpo trabalha”, acrescenta a idealizadora sobre a importância dos estudos desenvolvidos por Laban.
Essas teorias poderão ser experimentadas pelo público em instalações interativas. “A gente procurou criar alguns objetos em que as pessoas pudessem experimentar o conceito”, enfatiza Maria sobre as técnicas que não são um modelo estruturado, mas uma forma de enxergar a movimentação corporal. “Aquilo não era da teoria para a prática. Era uma correspondência entre o movimento que acontece e uma ideia que ele tinha de como enxergar esse movimento.”
Em outra parte da exposição, com vídeos e fotografias contam a história de Maria Duschenes que estudou com Laban na Inglaterra, após ele ter deixado a Alemanha, antes da Segunda Guerra. De acordo com Maria, Laban foi perseguido pelos nazistas após o ministro da Propaganda do regime, Joseph Goebbels, assistir a uma de suas peças.
Espetáculos
A partir do dia 3 de junho, cinco espetáculos de artistas influenciados pelas ideias de Laban e em diálogo com o trabalho de Duschenes entram em cartaz no MAC. Os trabalhos misturam performances, com instalações e exibições de vídeos. Cada um fruto de uma pesquisa específica de cada grupo. Foram convidadas para as apresentações as artistas Ciane Fernandes, da Bahia, Marcia Milhazes, do Rio de Janeiro, além de Andreia Yonashiro e Juliana Morais, de São Paulo. A própria Maria Mommensohn também fará uma apresentação.
Os traços que unem os espetáculos não são, segundo Maria, óbvios, uma vez que as ideias de Laban são mais um método de construção do que modelos estéticos acabados. “Você pode olhar o trabalho dessas pessoas e nem cogitar qual é a fundação, o fundamento. Porque na obra de arte você dificilmente reconhece o lastro da pessoa, você vê o resultado e a proposta do artista”, ressalta.
A programação, com datas e horários, está disponível na página na seguinte página: www.mac.usp.br/mac/expos/2016/vesica/programa.htm – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 11366