A fusão anunciada nesta quarta-feira (14) entre a americana Monsanto e o grupo alemão Bayer surge em um contexto de consolidação mundial do setor agroquímico e de oposição, principalmente na Europa, aos produtos OGM.
Grupo de 22.500 funcionários fundado em 1901 pelo farmacêutico John Queeny, com sede em Saint-Louis, o nome Monsanto vem do sobrenome de Olga Mendez, esposa de Queeny.
– O que a Monsanto produz?
Desde os anos 1990, o grupo se transformou em especialista dos organismos geneticamente modificados (OGM), principalmente variedades vegetais, além de fabricar pesticidas.
Tem uma fatia de 30% do mercado mundial dos OGM, graças à sua onipresença nos Estados Unidos, onde 80% de seu milho transgênico e 90% de sua soja OGM são usados pelos agricultores.
América Latina (Brasil e Argentina, grandes produtores agrícolas), Índia, China, Filipinas, Canadá e México são também seus principais clientes, assim como os produtores africanos de algodão.
Na Europa, junto com Espanha, Portugal, Bulgária, Malta e Irlanda, a Monsanto simboliza as contradições da agricultura. Somente uma variedade de OGM, o milho MON810, é autorizado na UE.
– Como ganha dinheiro?
Vendendo seus OMG e pesticidas e capitalizando direitos sobre as 1.700 patentes e licenças que detém. O grupo DuPont não apenas é seu grande rival como seu maior cliente.
As patentes também são uma boa fonte de receitas, porque a Suprema Corte dos Estados Unidos proibiu em 2013 a reprodução das tecnologias da Monsanto.
– Quais são suas marcas mais conhecidas?
No ramo de OGM:
– Dekalb para milho
– Asgrow para soja
– Deltapine para algodão
– Seminis e De Ruiter para legumes
Pesticidas:
– Roundup (glifosato)
– Por que foi vendida?
Com a queda dos preços das matérias-primas e dos gastos dos agricultores, a Monsanto foi a primeira que tentou comprar seus concorrentes. Aproximou-se sem sucesso do grupo suíço Syngenta, finalmente adquirido pela companhia chinesa ChemChina.
Nos Estados Unidos, seus compatriotas Dow Chemical e DuPont ganharam a disputa ao anunciar uma fusão em dezembro de 2015, mas a operação continua esperando o aval das autoridades antimonopólio.
– Quanto vale a Monsanto?
Na Bolsa, o grupo dirigido por Hugh Grant vale aproximadamente US$ 47 bilhões. Em 2015, registrou um volume de negócios de US$ 15 bilhões, uma queda de 5,4%, obtendo um lucro líquido de US$ 2,31 bilhões (-15,5%).
– A Monsanto sempre foi especialista dos OGM?
No início, o grupo comercializava apenas um produto: um adoçante artificial, ou sacarina sintética.
Nos anos 1920, a Monsanto se transforma em um importante fabricante de aspirina e de compostos químicos, como os PCB (bifenilas policloradas), usados como lubricantes e revestimentos impermeáveis.
Depois, lançou-se aos detergentes e plásticos e, na década de 1950, passou a produzir compostos químicos relacionados com urânio para as bombas nucleares.
A partir dos anos 1960, junto com o Dow Chemical, grupo que fabrica o Agente Laranja, dioxina usada na guerra do Vietnã.
Depois, fabrica o aspartame com o grupo alemão I-G Farben, fabricante da aspirina Bayer.
Os anos 1980 e 1990 marcam uma inflexão com a produção de hormônio de crescimento bovino sintético e com os cereais OGM.
Muitos desses produtos renderam vários processos ao grupo.
– E agora?
Além dos OGM, a Monsanto encontrou um novo eldorado: a análise dos fluxos de dados () para ajudar os agricultores a se adaptarem à mudança climática. O objetivo é penetrar nos mercados mais difíceis.
A empresa também comprou por US$ 930 milhões a Climate Corporation e seu aplicativo Climate Basic.
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