O referendo no qual os colombianos rejeitaram ontem o acordo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) não tem efeito jurídico algum, assegurou nesta segunda-feira o chefe máximo dessa guerrilha, Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, que reafirmou que a insurgência manterá o cessar-fogo bilateral e definitivo.
Em um vídeo gravado em Havana e compartilhado nas redes sociais, Timochenko afirma que a paz chegou para ficar porque é constitucionalmente um direito e um dever de cumprimento obrigatório que deve prevalecer acima do ódio e da violência.
Segundo o líder das Farc, a consulta não tem efeito jurídico algum de acordo com uma recente sentença da Corte Constitucional colombiana, mas sim conta com efeito político.
Nesse sentindo, o líder guerrilheiro considera que o acordo de paz assinado em 26 de setembro em Cartagena das Índias tem inegável e irrevogável efeito jurídico porque foi assinado como acordo especial e depositado perante o Conselho da Confederação Suíça em Berna.
Timochenko reafirmou em nome das Farc que a guerrilha se manterá fiel ao estipulado e que as frentes guerrilheiras em todo o país permanecerão em cessar-fogo bilateral e definitivo como uma necessária medida de alívio às vítimas do conflito e em respeito ao estipulado com o governo nacional.
Chamamos o movimento social e político a respaldar decididamente mediante a mobilização e outras formas de expressão pacíficas o acordo final para a construção de uma paz estável e duradoura, continuou.
Além disso, comentou que os sentimentos bélicos dos que querem sabotar a paz jamais serão mais poderosos que os sentimentos de concórdia, inclusão e justiça social.
O líder guerrilheiro e os membros da comissão negociadora das Farc nos diálogos de paz de Havana permanecem na capital cubana, onde no domingo acompanharam o desenvolvimento do referendo na Colômbia e que foi o palco de quatro anos de negociações para tentar pôr fim ao conflito nesse país.
A expectativa é que integrantes da delegação negociadora do governo da Colômbia cheguem a Havana nas próximas horas seguindo as ordens do presidente Juan Manuel Santos, que pediu que os negociadores das Farc sejam informados dos próximos passos que o Executivo dará para abrir um diálogo nacional.
Na consulta realizada no domingo, o não se impôs com 50,21% dos votos contra 49,78% do sim, em uma jornada na qual a abstenção foi de 62,57%.
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