A sensação para a indústria mineira é que o pior já passou. É que depois de dois anos de estagnação e outros três de queda, o faturamento real do setor voltou a subir em 2017, com alta de 1,3% frente o ano anterior, conforme levantamento divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). No ano anterior, o recuo foi de 11,6%.
O resultado da indústria do Estado foi melhor do que a média brasileira da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que registrou recuo de 0,2% no faturamento no ano passado na comparação com 2016.
Para o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes, o desempenho do faturamento é um sinal inequívoco de retomada da indústria.
A maioria dos setores pesquisados registrou alta no faturamento no ano passado. Em termos percentuais, os destaques foram dos segmentos de celulose e papel, com alta de 13,6%, além da atividade de coque e derivados de petróleo (9,4%) e veículos automotores (5,2%). O segmento de metalurgia, que tem peso considerável na indústria mineira, teve queda de 3,6%, bem como produtos de metal (-8,4%).
Nas demais comparações feitas pela entidade, o faturamento teve resultado positivo na média das indústrias do Estado. No último mês do ano passado foi verificada alta no faturamento de 5,3% frente dezembro de 2016.Em dezembro de 2017 em relação a novembro do mesmo ano, a elevação foi de 6,2%, após ajuste sazonal.
As horas trabalhadas na produção e o emprego seguem com variação negativa em 2017, totalizando quatro anos de queda nessa base de comparação. “Entretanto, a intensidade da retração na geração de emprego vem diminuindo”, observa a economista da Fiemg Annelise Fonseca. Em 2017, o emprego no setor teve queda de 4,9%, menor que o recuo de 7,1% verificado em 2016 e também em 2015. No caso das horas trabalhadas, o recuo no ano passado foi de 1,6%.
Expectativa. De acordo com a economista, a perspectiva da Fiemg é de crescimento de 2% no faturamento e alta de 3,3% na produção da indústria mineira neste ano. A entidade espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado tenha expansão de 2,6% em 2018.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados do Estado de Minas Gerais (Sindicalçados), Jânio Gomes, a perspectiva é de que os negócios neste ano superem o resultado de 2017.
Na mesma área de atuação, o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Pedro Gomes da Silva, também está otimista com o desempenho da atividade neste ano.
Ele conta que o polo, formado por 12 cidades na região Centro-Oeste do Estado, vem registrando bons resultados. Em 2017, o faturamento foi de R$ 3,8 bilhões.
No ano passado, Nova Serrana se manteve na liderança entre as dez cidades brasileiras com a maior geração de empregos. De janeiro a novembro de 2017, criou 3.399 vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho. Desse total, 2.870 postos foram criados pela indústria.
Venda de veículos sobe em janeiro
O mercado de veículos novos no Brasil começou 2018 em crescimento. Foram 181,2 mil unidades vendidas em janeiro, 23,14% a mais do que igual mês do ano passado, segundo dados divulgados ontem pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que considera automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. O aumento, no entanto, só foi expressivo porque o número de unidades vendidas em janeiro de 2017 foi o menor para o mês desde 2006.
Entre os segmentos, a venda dos veículos leves foi de 175,5 mil unidades, alta de 22,3% na comparação com janeiro de 2017 e queda de 14,3% em relação a dezembro.
Mais indústria
Produção pelo IBGE
A produção industrial subiu 2,8% em dezembro de 2017 ante novembro, segundo divulgou ontem o IBGE. Em relação a dezembro de 2016, a produção cresceu 4,3%. No ano de 2017, a indústria teve alta de 2,5%.
Por setor
Ainda segundo o IBGE, a produção cresceu em 19 dos 26 ramos industriais no ano de 2017. Destaque para a produção de veículos, com alta de 17,2%, mineração (4,6%) e eletrônicos (19,6%).
CNI aponta que no Brasil
A indústria brasileira teve quedas no faturamento, no emprego e na massa salarial em 2017. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o faturamento caiu 0,2% no ano. O emprego recuou 2,7%, o total de horas trabalhadas caiu 2,2% e massa salarial, 1,9%.
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