Autoridades holandesas executaram nesta quinta-feira (10) ordens de busca e apreensão no âmbito da investigação de ovos contaminados com fipronil e distribuídos em vários países da Europa – indicou a Procuradoria, acrescentando que duas pessoas foram presas.
Há várias apreensões na Holanda, em coordenação com os belgas, declarou a porta-voz da Procuradoria holandesa, Marieke van der Molen.
Os detidos são dois diretores da empresa que provavelmente usou esse produto nos criadouros avícolas, completou Marieke, referindo-se à ChickFriend.
O escândalo é alvo de investigação penal na Bélgica e na Holanda e envolve duas empresas: a holandesa ChickFriend, especializada na desinfecção de granjas avícolas, e seu fornecedor belga, a Poultry-Vision.
As batidas começaram depois de o ministro belga da Agricultura, Denis Ducarme, ter acusado a Holanda, na quarta-feira, de descuido no trato das informações sobre a presença de fipronil nos ovos fornecidos pelas granjas do país. Pesticida comumente usado, essa substância pode causar vômitos e problemas neurológicos em doses altas.
A Holanda é um dos maiores exportadores mundiais de ovos.
Ducarme afirmou que as autoridades holandesas receberam um aviso sobre o uso de fipronil nas granjas em novembro de 2016. Haia nega a informação.
Segundo o jornal Het Laatste Nieuws, as batidas foram realizadas em oito endereços em Flandres, no norte da Bélgica. A maioria é de empresas especializadas na desinfecção de produtos agrícolas.
Em outra ação, uma tonelada de ovos líquidos contaminados com fipronil foi encontrada em um armazém na Romênia, anunciou a ANSVSA, autoridade veterinária e sanitária do país. Essa é a primeira vez que os alimentos são localizados no Leste Europeu.
Segundo o órgão, os ovos importados da Alemanha não foram postos à venda.
Com a descoberta, sobe para nove o número de países onde foram localizados ovos contaminados. Originada na Bélgica, na Holanda e também em algumas granjas da Alemanha, a crise teve repercussões em outros seis países europeus que importaram esses ovos – França, Suíça, Suécia, Reino Unido e Luxemburgo, além da Romênia – e provocou a retirada preventiva de milhões de unidades dos supermercados.
– 700 mil no Reino Unido –
O Reino Unido importou cerca de 700 mil ovos contaminados pelo uso fraudulento do pesticida fipronil em criadouros de galinhas poedeiras, anunciou a Agência britânica de Segurança Alimentar (FSA, na sigla em inglês) nesta quinta-feira.
É provável que o número de ovos que chegaram ao Reino Unido seja mais próximo de 700 mil do que dos 21 mil que pensávamos ter importado, publicou a FSA em sua página institucional.
Após realizar testes em um supermercado e com fabricantes de produtos processados, o governo de Luxemburgo já havia confirmado, na terça-feira, que foram vendidos ovos contaminados no mercado luxemburguês, na rede de supermercados Aldi. O que restava dos dois lotes afetados foi retirado das prateleiras.
Um deles não apresenta risco de saúde para o consumidor, e o outro não deve ser consumido por crianças muito pequenas, adverte a nota divulgada pelas autoridades.
O governo anunciou que outra rede de supermercados, a Cactus, também havia sido afetada. Resultados de uma análise de rotina mostraram que um lote procedente de uma propriedade na Holanda continha pequenas quantidades de fipronil.
Duas empresas de catering, a Caterman e a Carnesa, anunciaram, por sua vez, terem recebido entregas de ovo líquido procedentes de uma propriedade contaminada. Uma parte foi usada na fabricação de produtos.
A última produção na Caterman, com base nesses lotes, aconteceu em 25 de julho, e o prazo de validade dos produtos fabricados está vencido, motivo pelo qual não há mais produtos no mercado, explicou o governo luxemburguês.
Também nesta quinta-feira, a empresa química alemã BASF anunciou que vai deixar de comercializar o fipronil na União Europeia, onde é usado em sementes.
A BASF decidiu, por razões econômicas, não voltar a registrar [o fipronil] para o tratamento das sementes na Europa, explicou o grupo de Ludwigshafen em um comunicado.
Apontado no passado como responsável por uma alta na mortalidade de abelhas, o fipronil é usado na Europa apenas em alguns cultivos, para proteger as sementes de alho-poró, cebola, cebolinha e couve. Ele não poderá mais ser vendido depois de 30 de setembro.
A decisão desta quinta não afeta os tratamentos contra formigas, baratas e cupins, os quais a BASF vai continuar produzindo e são autorizados pela UE até 2023.
O fipronil está presente nos produtos veterinários utilizados em animais de estimação contra pulgas, carrapatos e ácaros. A UE proibiu sua aplicação no caso de animais destinados ao consumo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera esse pesticida moderadamente tóxico para o homem quando usado em grandes quantidades.
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