Rio de Janeiro. Do produtor de soja no Mato Grosso às malas de luxo da grife Louis Vuitton. A era dos objetos conectados já migrou das apresentações futuristas das empresas de tecnologia para as ruas de todo o país. As iniciativas vêm ganhando tanta velocidade no Brasil a ponto de empresas brasileiras e estrangeiras estarem investindo na construção de redes próprias de internet por aqui e analisando a produção local de equipamentos (uma espécie de chips) capazes de calcular informações variadas, como a temperatura corporal de uma vaca e a vibração do motor de uma geladeira.
Até 2017, a expectativa era que em 2025 o Brasil tivesse 100 milhões de objetos conectados à rede e receita anual superior a R$ 40 bilhões. Mas, para especialistas, a previsão é que esses números sejam alcançados bem antes. Um dos principais motivos para o avanço maior que o esperado é a corrida tecnológica travada no setor, aliada à necessidade de redução de custos e maior eficiência das empresas.
Assim, as iniciativas ganham cada vez mais velocidade. No campo, esses projetos começam a mudar a realidade dos fazendeiros. Rafael Pizzi, diretor da Agrosmart, da área de tecnologia, lembra que produtores de soja no Mato Grosso e de laranja em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, implantaram sistemas de conexão no meio das plantações no ano passado. Eles funcionam como uma espécie de estação meteorológica, captando informações como temperatura, força dos ventos e radiação solar. Há ainda sensores ligados à terra que calculam a umidade do solo. Com isso, os equipamentos conseguem saber o momento ideal para o uso de pesticidas, um dos principais custos dos produtores rurais.
“Antes, tudo era feito com base no que o vizinho estava fazendo, pois não havia como coletar os dados. Era tudo na intuição. Com a redução nos custos permitidas com as novas tecnologias, essas soluções vêm atraindo o interesse das empresas. A redução nas despesas pode chegar a 40%”, destacou Pizzi.
As grifes de luxo também estão na corrida tecnológica. Sem alarde, a Louis Vuitton entrou no ano passado com pedido de autorização na Comissão Federação de Comunicação (FCC) dos EUA para conectar suas malas. Segundo informações prestadas à FCC, a marca informou que o aparelho, batizado de Echo, será acoplado na parte interna da mala e poderá ser retirado para ser carregado por meio de cabo USB.
Além disso, o cliente poderá de baixar um aplicativo da marca no celular, o LV Pass, para ter informações sobre a mala. Ao aterrissar, o cliente recebe um alerta sobre a localização da bagagem. O dispositivo ainda será capaz de informar se a mala foi aberta. A expectativa é que o novo produto seja lançado em breve, inclusive no Brasil.
Criação de equipamentos nos planos
Rio de Janeiro. Com o aumento da demanda e das iniciativas, algumas empresas já estão planejando a produção de equipamentos de internet das coisas no Brasil. É o caso da portuguesa Loka, que pretende fazer uma parceria com a Foxconn para produzir os dispositivos na unidade fabril em São Paulo. O diretor da companhia, João Takanho, citou a demanda por empresas de transporte, preocupadas com o aumento no roubo de cargas. Esses sensores conseguem, por exemplo, ver o que está à volta, escaneando as redes de telefonia que estão ao redor, assim como os bloqueadores de sinal de celular, muito usados por bandidos, pontuou o executivo:
“A produção hoje é na China, mas vamos em 2018 transferir a produção para cá de forma a ganhar competitividade. Há uma grande demanda da indústria, que está buscando soluções para analisar a vibração dos motores e, com isso, detectar problemas de forma preventiva. No final, é tudo para economizar custos”.
Flash
Inovações. A Konker, empresa dedicada a soluções tecnológicas, firmou parceria com a Oi para criar novas soluções, como permitir às redes de varejo o gerenciamento remoto de geladeiras, permitindo o controle de abastecimento de produtos perecíveis.
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