Rio de Janeiro. O Carnaval do Rio de Janeiro iniciou oficialmente nesta sexta-feira (9) uma de suas edições mais contestadoras com a bênção de seu prefeito, Marcelo Crivella (PRB), acusado de querer minguar a famosa festa por suas convicções religiosas. Depois de deixar de lado a celebração do ano passado, logo após assumir o cargo e de cortar à metade as subvenções para os desfiles, Crivella se viu forçado a mudar de atitude e, na sexta-feira, comandou a entrega das chaves da cidade ao Rei Momo. “Declaro o Carnaval oficialmente aberto!”, gritou o Rei Momo, que governará o Rio simbolicamente até Quarta-Feira de Cinzas.
A alegria da banda que tocava a música “Cidade Maravilhosa” contrastava com o posado e mais frio Crivella que, no entanto, elogiou várias vezes a beleza e a poesia do Carnaval. Mas quando chegou o momento de entregar as chaves, o bispo licenciado da Igreja Universal passou a responsabilidade a um de seus funcionários.
Tachado pelas escolas e por foliões de blocos de “prefeito anticarnavalesco”, Crivella declarou na sexta-feira em visita ao sambódromo que “o Carnaval é apenas uma festa”, e que o Rio tem muitos problemas a serem resolvidos. Em uma cidade afundada na crise financeira e atravessando nova onda de violência, o prefeito assegurou: “Não quero estragar a festa”.
“Fora, Crivella” foi ouvido em vários blocos por toda a cidade nos últimos dias. E se as ruas prometem uma boa dose de crítica, as escolas do Grupo Especial terão uma visibilidade ainda maior na passarela do samba. Muitas fazem críticas à falta de incentivo ao Carnaval. “Com dinheiro, ou sem dinheiro, eu brinco!”, diz o enredo da Mangueira, que dará outro recado em seu refrão: “Pecado é não brincar o Carnaval!”. “Para a doutrina evangélica, o Carnaval é a festa do diabo. O evangélico pode achar isso, mas o prefeito da cidade do Rio de Janeiro não pode”, disse diretor artístico da Mangueira, Leandro Vieira.
Hidrante
Marcelo Crivella foi atingido por um jato d’água que encharcou suas calças durante vistoria nesta sexta-feira à Sapucaí. O incidente aconteceu quando um integrante de sua comitiva tropeçou e acionou sem querer um hidrante. Inicialmente, Crivella ficou bastante incomodado, mas depois procurou demonstrar bom humor. “O pessoal da Rio Águas (órgão responsável pelas redes de água) está de parabéns, porque a vazão que colocou aí quase me jogou pro alto. Se o bombeiro encostar aí, vai poder apagar incêndio até lá no Catumbi”, brincou ele, referindo-se ao bairro vizinho à Sapucaí.
Saiba mais
Índio. A campanha “índio não é fantasia” questiona e pede uma reflexão dos foliões sobre o uso das vestimentas durante o Carnaval. A ativista e artista Katú Mirim publicou um vídeo nas redes sociais explicando que o uso desses trajes é considerado racista e ofensivo por se apropriar da cultura dos povos indígenas. “Usar fantasia de índio é racismo porque discrimina nossa raça, reforça estereótipos, a hipersexualização da mulher indígena. O movimento indígena sempre sofreu com a invisibilização. Nós não somos uma fantasia”, afirmou. O vídeo já foi visualizado dois milhões de vezes. A artista vem recebendo apoio, mas também críticas.
Anitta. A cantora Anitta, 24, vai encarar uma verdadeira maratona de Carnaval ao percorrer cerca de 4.000 km em nove dias entre o show de sexta-feira em Salvador (BA), e no camarote Nº 1, na Marquês de Sapucaí, no Rio, no sábado, dia 17. “No Carnaval é mais corrido. Para me preparar, durmo o máximo que consigo nos voos e descanso sempre que possível para subir no trio com disposição total”, diz a cantora, que fará shows ainda em Belo Horizonte, Muzambinho (MG), Santa Rita do Sapucaí (MG), além do interior de São Paulo e em Búzios (RJ).
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