Os países europeus da Otan reconheceram que sua defesa coletiva é competência exclusiva da Aliança Atlântica, assegurou nesta quinta-feira (15) o secretário americano da Defesa, Jim Mattis, dissipando os receios de seu país sobre os planos de desenvolvimento militar da União Europeia (UE).
Existe um claro entendimento de (…) que a defesa coletiva é uma missão da Otan e unicamente da Otan, declarou Mattis em coletiva de imprensa em Bruxelas, falando de um jantar de trabalho na véspera consagrado à cooperação entre a UE e a Aliança Atlântica.
Desde a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos no fim de 2016, Washington, principal contribuinte da Otan, aumentou sua pressão sobre seus aliados europeus, chegando a questionar seu apoio à defesa mútua se não ampliassem seu gasto militar.
Mas as tensões entre os Estados Unidos e europeus, especialmente os 22 pertencentes à Otan e à UE, se tornou uma constante nas reuniões da organização transatlântica surgida dos escombros da Segunda Guerra Mundial.
– Esclarecer dúvidas –
Na reunião de quarta e quinta-feira dos 29 ministros da Defesa da Aliança, o debate girava em torno dos planos de desenvolvimento do armamento militar da UE, expressados no Fundo Europeu de Defesa e na Cooperação Estruturada Permanente (Pesco).
A administração americana não quer que essas iniciativas criem uma estrutura paralela à Otan e que a política da UE, que privilegia a indústria europeia da defesa, suponha o fechamento do mercado europeu às empresas militares americanas.
A UE não deve substituir o que a Otan faz e não deve fechar seus mercados de defesa aos americanos e a outros seis países da Aliança que não pertencem ao bloco europeu, advertiu na terça-feira o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
O jantar de trabalho de quarta-feira consagrado à cooperação UE-Otan, do qual participou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, serviu, nas palavras da ministra espanhola María Dolores de Cospedal, para esclarecer dúvidas de uma maneira muito importante.
Conversamos sobre as recentes decisões da UE em matéria de defesa e de como podem complementar o trabalho da Otan, explicou Stoltenberg em coletiva de imprensa nesta quinta-feira.
O esforço da UE, como na mobilidade militar, melhora as capacidades comuns de defesa da Otan, reconheceu o secretário americano de Defesa, primeira potência militar mundial.
– Honrar a promessa de Gales –
Após anos de cortes nas pastas de defesa dos orçamentos nacionais, no âmbito do crash financeiro mundial de 2008 e da posterior crise da dívida na UE, os países da Otan conseguiram há três anos financiar a redução do gasto militar.
Esta redução faz parte dos compromissos adotados pelos então 28 membros aliados na cúpula da Otan em Gales em 2014, junto com a sua vontade de aumentar o gasto militar para se aproximar a 2% do PIB nacional no prazo de uma década.
Oito aliados poderiam cumprir em 2018 com 2% do PIB e ao menos 15 em 2024, apontou Stoltenberg. A Estados Unidos, Grécia, Estônia, Reino Unido e Polônia, que já cumprem, poderiam somar-se Romênia, Letônia e Lituânia.
Outros países, como a Espanha, disseram publicamente que não cumpririam, com uma projeção que passa de 0,92% em 2016 para 1,53% do PIB em 2024. É uma projeção ambiciosa, mas realista, de acordo com De Cospedal.
Apesar da progressão, Mattis não baixou a guarda e disse esperar que as demais democracias honrem a promessa de Gales, após defender o compromisso do povo americano com uma Aliança que faz frente a uma Rússia mais firme a leste e à ameaça extremista ao sul.
Os Estados Unidos anunciaram um novo aumento de 35% de seu orçamento para a mobilização de seus soldados na Europa em 2019, 6,5 bilhões de euros, após uma alta de 40% em 2018.
A Otan também adotou uma missão de formação militar no Iraque. Nossa segurança depende da segurança exterior, declarou Stoltenberg ao fim da reunião que preparou a cúpula de mandatários prevista para julho em Bruxelas. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 52275