SÃO PAULO. Há 50 anos à frente de pesquisas sobre os efeitos medicinais da maconha, o professor emérito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Elisaldo Carlini, 88, conta que levou um susto quando foi intimado a depor no 16º DP (Vila Clementino) na quarta-feira por apologia às drogas. “Fiquei muito surpreso porque estou com 88 anos, falei minha vida toda sobre maconha e agora que me descobriram? No momento em que a maconha está reconhecida no mundo como medicamento?”, questionou o professor.
Formado em medicina pela Unifesp em 1957, Carlini se tornou internacionalmente conhecido por se dedicar às pesquisas sobre drogas medicinais à base de Cannabis sativa, princípio ativo da maconha.
A intimação para depor foi baseada em um simpósio sobre o uso terapêutico da maconha organizado por Carlini em maio do ano passado. Na programação, a mesa intitulada Maconha e Filosofia chamou atenção das autoridades. Entre cientistas e professores universitários, o simpósio convidou Geraldo Antônio Baptista, o Ras Geraldinho, fundador da primeira igreja rastafári no Brasil, para participar do debate.
“Fomos ouvir outros saberes. Queríamos ouvir a experiência de alguém que tivesse sofrido as penalidades da lei por portar maconha e os danos que isso trouxe”, disse o especialista. Ras Geraldinho está preso cumprindo pena de 14 anos por plantar maconha na sede da igreja, em Americana (SP),mas conseguiu participar do encontro graças ao indulto do Dia das Mães. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 53109