Durante entrevista ao Jornal Nacional na noite desta quarta-feira 7, o general Walter Souza
Braga Netto defendeu a legalidade de checar a identidade de moradores durante as operações
no RJ.
E explicou que a ação na Vila Kennedy, retomada nesta quarta, é o primeiro passo do plano da
intervenção federal para reduzir a violência no estado.
Nesta quarta-feira, as tropas voltaram à Vila Kennedy pela quarta vez em duas semanas; 900
homens com blindados e máquinas pesadas foram novamente remover barricadas montadas
pelos criminosos. Os obstáculos foram retirados no fim de semana e recolocados a mando dos
traficantes.
Na entrevista desta quarta, o general Braga Netto disse que essas ações vão servir de modelo
para outras comunidades do Rio.
Repórter: Esse tipo de operação não reforça a ideia de que, no fim das contas, o trabalho das
Forças Armadas acaba sendo apenas de enxugar gelo?
General Braga Netto: A nossa intenção é que, após a retirada desse impeditivo de entrar na
comunidade, o Estado retome o seu trabalho junto à comunidade. Luz, correio, água, lixo,
saúde pública. O batalhão da área volte a fazer o policiamento na área. Nós estamos na
comunidade de Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia exatamente trabalhando como a primeira
ação de intervenção em que nós vamos trazer todo o Estado para dentro da comunidade.
Quando eu falo Estado, não é somente a parte policial. A parte policial é para dar segurança,
mas é o restante dos serviços que o estado e o município tem que prestar.
A Vila Kennedy tem uma das 38 Unidades de Polícia Pacificadora do Rio. O projeto foi criado
dez anos atrás e pretendia ocupar territórios dominados pelo tráfico, mas entrou em colapso.
Agora, o general anuncia que algumas UPPs serão extintas.
“UPPs que não estiverem apresentando um rendimento, serão retiradas, outras serão
fortalecidas. Mas vai depender do estudo que for feito”, disse.
O general promete recuperar a capacidade operacional da polícia. Anunciou viaturas novas e a
volta de parte dos três mil PMs cedidos a outros órgãos.
“Tem policiais que estão cedidos que interessa à instituição mantê-los onde eles estão. Agora
tem outros que não, não tem interesse, não tem por que ficar. Esses policiais serão solicitados
a retornar”, disse o interventor federal na segurança do estado.
“O que já foi feito antes e é legal é expedir um mandado que me dê uma pequena área em que
eu entre com o mandado. Não é um mandado coletivo, é um mandado daquelas casas do
entorno e da dificuldade de você trabalhar dentro da comunidade”.
Braga Netto defendeu a legalidade de checar a identidade de moradores durante as
operações.
“Não há o fichamento de ninguém. O que há é uma checagem, se existe mandado, mandado
em aberto sobre aquela pessoa. Isso aí evita que a pessoa tenha que ser levada à delegacia.
Então economiza recursos do estado, não demora mais do que três minutos para ser feito”,
explicou.
O general falou do legado que pretende deixar até o fim do ano quando termina o prazo da
intervenção.
“Nós vamos trabalhar com seriedade, com muito trabalho e a minha intenção é que no final
dessa intervenção eu tenha uma polícia com maior credibilidade, com uma integração muito
grande entre as polícias, que tenham o respeito da população e que respeite essa população. É
isso que eu pretendo entregar”, afirmou.
FONTE. JN