Os colombianos comparecem às urnas neste domingo para escolher um novo Congresso, que pode ter como maioria a direita contrária ao acordo de paz com a ex-guerrilha das Farc, que estreia nas urnas como partido político.
Esta é a primeira vez em 50 anos que os milhões de eleitores do país votarão sem a ameaça dos grupos rebeldes. A votação prosseguirá até as 16H00 locais (18H00 de Brasília).
Apesar de ter uma pequena representação garantida no próximo Parlamento bicameral (10 de 280 cadeiras), a Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), partido criado após o desarmamento dos insurgentes, enfrentará pela primeira vez uma votação.
Sem chances de vitória, de acordo com as pesquisas, o grupo só participará das legislativas e anunciou esta semana a saída da disputa pela presidência, em consequência do delicado estado de saúde de seu líder e candidato, Rodrigo Londoño (Timochenko).
Estas eleições serão as mais tranquilas, as mais pacíficas para os colombianos em nossa história recente, destacou o presidente Juan Manuel Santos depois de votar no centro de Bogotá.
As eleições acontecem em meio à trégua unilateral do Exército de Libertação Nacional (ELN), com o qual Santos também tenta negociar a paz.
A jornada eleitoral marca o início da campanha para a votação de 27 de maio, que escolherá o sucessor do presidente liberal de centro-direita.
As legislativas podem ter como protagonistas os partidos de direita, liderados pelo ex-presidente e senador Álvaro Uribe.
As pesquisas projetam o triunfo do Centro Democrático, partido de Uribe, e de outros movimentos que prometem modificar o acordo assinado com as Farc no fim de 2016.
O ex-presidente se perfila como um dos senadores mais votados e, caso as projeções sejam confirmadas, a direita passará a ter maioria no Congresso.
Embora dificilmente teria condições de mudar de modo substancial o acordo de paz, a vitória de Uribe e seus potenciais aliados gera incerteza sobre a implementação do sistema de justiça definido com a ex-guerrilha para atender centenas de milhares vítimas da guerra.
O pacto que possibilitou o fim do conflito armado permite aos ex-comandantes rebeldes exercer a política sem terem confessado seus crimes e compensado as vítimas.
Aqueles que cumprem os compromissos de verdade e de reparação e desistem de retornar às armas, podem receber penas alternativas à prisão.
E isto é o que mais irrita Uribe e os setores que venceram o plebiscito sobre o acordo de paz, o que obrigou o governo a renegociar alguns pontos do acordo de 2016. Mesmo assim, nunca ficaram satisfeitos.
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