A Colômbia celebrará neste domingo eleições legislativas, as primeiras com a participação do partido político egresso da ex-guerrilha das Farc após assinar um acordo de paz, mas com seu desenvolvimento ainda afetado pelo narcotráfico.
– Mais de meio século de conflito –
Em 24 de novembro de 2016, o presidente Juan Manuel Santos e o chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, assinaram um histórico acordo de paz para acabar com mais de 50 anos de confrontos.
O conflito, que envolveu dezenas de guerrilhas, milícias paramilitares de extrema direita e as forças de ordem, deixou mais de 260 mil mortos, cerca de 83 mil desaparecidos e 7,4 milhões de deslocados neste país de 48,6 milhões de habitantes.
Um dos mais golpes mais lembrados das Farc, criadas em 1964 após uma insurreição camponesa, foi o sequestro da candidata à Presidência Ingrid Betancourt, liberada em 2008 depois de mais de seis anos em cativeiro.
Além do desarmamento da guerrilha mais poderosa da América, que agora se tornou um partido político sob o nome de Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), o acordo de paz prevê reformas políticas, rurais, uma justiça de paz especial e a indenização das vítimas do conflito.
Enquanto isso, as conversas de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN, guevarista), iniciadas há um ano, foram congeladas pelo governo após uma série de atentados executados pela última guerrilha ativa do país.
– Primeiro produtor de cocaína –
A Colômbia é o primeiro produtor mundial de folhas de coca, matéria-prima da cocaína, com 146 mil hectares de plantações. Também é o maior produtor de cocaína, com 866 toneladas em 2016, segundo a ONU.
Após a aplicação do acordo com as Farc, os homicídios nas zonas de cultivo de coca aumentaram 11% em 2017, chegando a 39,5 a cada 100 mil habitantes. Dissidentes das FARC, o ELN e gangues agora disputam esses territórios.
O presidente lançou em maio um programa de substituição de 50 mil hectares de plantações de coca em 12 meses em troca de um ano de subvenções e dois anos de assistência técnica. Além disso, a Colômbia espera erradicar à força 50 mil hectares adicionais.
– Imigrantes venezuelanos –
A Colômbia enfrenta a chegada maciça de venezuelanos que fogem da crise política, econômica e humanitária de seu país. As autoridades consideram que há 550 mil venezuelanos vivendo na Colômbia de maneira legal ou clandestina.
Em 9 de fevereiro, impuseram controles adicionais na fronteira com a Venezuela.
– Crescimento lento –
Devido à lenta recuperação dos preços do petróleo e o aumento dos impostos, a quarta economia da América Latina registrou em 2017 sue pior crescimento em quase uma década (+1,8%). Desde a chegada de Santos à Presidência, em 2010, o país registrou um crescimento médio de 3,85%.
O governo estima que o custo do acordo de paz com as Farc seja de 44 bilhões de dólares em 15 anos, dos quais 37,4 bilhões serão destinados à reforma rural.
Terceiro produtor mundial de café, a Colômbia produziu 14,2 milhões de sacos de 60 quilos em 2017.
Também é o principal produtor de esmeraldas do mundo.
Em 2016, 28% da população vivia sob o umbral da pobreza, de acordo com o Banco Mundial.
– García Márquez e Shakira –
Um dos colombianos mais famosos é o prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez, reconhecido por criar o mundo do realismo mágico latino-americano, que no século XX sacudiu a literatura em espanhol. Faleceu em 2014, três anos antes de seu principal livro – Cem anos de solidão – completar 50 anos de publicação. Desde a década de 1980 fixou definitivamente sua residência no México.
Outra colombiana mundialmente conhecida é a cantora Shakira, intérprete de Waka waka, o hino da Copa do Mundo de 2010 e uma das artistas latinas que mais vendeu discos. A cantora, casada com o jogador de futebol Gerard Piqué, atualmente mora na Espanha.
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