Ao discursar no Plenário do Senado nesta quarta-feira
(22), o senador Sergio Moro (União-PR) classificou como lamentável
a tentativa de um crime contra ele e sua família por ordem da
facção conhecida como PCC (Primeiro Comando da Capital). Pela
manhã, a Polícia Federal prendeu vários integrantes dessa facção,
que pretendiam sequestrar e até matar autoridades e servidores
públicos. Entre os alvos estavam Moro e sua família.O senador disse
que foi informado do plano, no final de janeiro, pelo Ministério
Público de São Paulo. Ele agradeceu aos presidentes do Senado,
Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, pelo apoio
quanto à segurança de sua família. A esposa do parlamentar,
Rosângela Moro (União-SP), é deputada federal e também conta com
segurança reforçada. Moro também registrou seus agradecimentos aos
governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do Paraná,
Ratinho Júnior, e às polícias militares dos dois estados. Ele ainda
citou a Polícia Federal e as polícias legislativas do Senado e da
Câmara.— [O crime] seria uma forma de retaliação pelo que fiz como
juiz e como ministro da Justiça, como o isolamento das lideranças
do PCC em presídios federais. Fizemos isso para proteger a
sociedade — afirmou.O senador criticou o presidente da República,
Luiz Inácio Lula da Silva, por ter dito que, quando estava preso,
pensava em se vingar de Moro. O parlamentar disse que a frase pode
incentivar a violência contra a sua família. Moro também lembrou de
juízes e policiais que foram assassinados pelo PCC e se disse
alarmado com a escalada do crime organizado no país. Ele ainda
defendeu mais rigor no combate a esse tipo de organização.— Ou nós
os enfrentamos ou quem vai pagar será a sociedade. E isso tem de
ser feito com inteligência, com base na lei. Não vamos nos render.
Não podemos retroceder.Segundo Moro, o Senado deve reagir a isso
com a apresentação de projetos de lei com foco no combate ao crime
organizado. Ele anunciou que protocolou um projeto para agravar as
penas para o planejamento de atentados contra autoridades (PL
1.307/2023). O texto também prevê que as penas sejam iniciadas em
presídios federais de segurança máxima. Ele pediu o apoio de todos
os colegas e do governo, como forma de mostrar que o país não será
vencido pelo crime.SolidariedadeVários senadores manifestaram
solidariedade a Moro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,
reconheceu o “período de aflição” do colega e disse que a Polícia
Legislativa sempre se empenhou na segurança de Moro e família. Além
disso, Pacheco registrou que o ministro da Justiça, Flávio Dino,
não poupou esforços para que a Polícia Federal atuasse no caso de
forma republicana. O presidente do Senado ainda destacou que a
violência é uma realidade que precisa ser atacada e que uma
agressão a um senador é uma agressão ao Estado Democrático de
Direito e à democracia.— Este evento extrapola seu limite pessoal e
da sua família. Tomamos isso, todos nós, como uma ameaça contra o
Senado Federal — declarou Pacheco, que também defendeu a
valorização dos profissionais da segurança e da Justiça.
Magno Malta (PL-ES) declarou que é preciso mais que
solidariedade a Moro e sua família. Segundo Malta, Sergio Moro fez
um grande bem ao país ao expor, quando era juiz, “as feridas da
podridão da política brasileira”. Além disso, Malta defendeu o
armamento da população. Marcio Bittar (União-AC) disse ter a
impressão de que hoje existe um acordo de convivência com o crime
organizado — e reiterou que Moro está sendo ameaçado pelo que fez
contra o crime.— Esse ataque atinge não só Moro, mas atinge o
presidente [do Senado] Pacheco, todos os senadores e toda a
população brasileira — protestou Bittar, que se ofereceu para
relatar o projeto apresentado por Moro.Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
também prestou solidariedade a Moro. Flávio Bolsonaro disse que a
direita é vítima de ódio, e que os sinais que vêm do governo não
são bons. Também criticou a entrada do ministro Flávio Dino em uma
favela do Rio de Janeiro (RJ) com “apenas dois veículos”. Para
Flávio Bolsonaro, a melhor resposta à ameaça contra Moro é a
apresentação de projetos contra o crime organizado.Para Mara
Gabrilli (PSD-SP), a situação de Moro faz com que todos os
brasileiros se sintam ameaçados. Ela pediu o fortalecimento das
instituições que atuam contra a violência. Rogério Marinho (PL-RN)
também avaliou que a possibilidade de atentado existiu devido às
ações de Moro contra o crime. Marinho sugeriu uma comissão especial
para tratar do combate às organizações criminosas. Izalci Lucas
(PSDB-DF) prestou solidariedade a Moro e manifestou apoio ao
projeto do senador pelo Paraná. Rodrigo Cunha (União-AL) destacou o
valor simbólico de Moro no combate ao crime.— Esta Casa tem força
suficiente para dar uma sinalização [contra o crime] por meio dos
projetos. A impunidade é o maior combustível para a violência –
declarou Cunha.Alan Rick (União-AC) disse que Moro, como juiz e
ministro, tomou medidas duras e, por isso, tem recebido
retaliações. Também agradeceu a atuação da Polícia Federal e do
Ministério da Justiça. Esperidião Amin (PP-SC) destacou que todas
as manifestações no Plenário do Senado ajudam a reconhecer o valor
dos serviços prestados por Moro ao país. Para Esperidião Amin, o
momento exige mais união e mais sentimentos que favoreçam a
coexistência de pensamentos divergentes.Na visão de Efraim Filho
(União-PB), as manifestações de solidariedade no Plenário do Senado
mostram que os palanques devem estar desarmados, pois a ameaça a
Moro foi um ataque ao Estado Democrático de Direito. Damares Alves
(Republicanos-DF) elogiou a atuação de Moro, como juiz e como
ministro da Justiça. Ela disse que a ameaça do crime organizado não
vai intimidar o Senado. Angelo Coronel (PSD-BA) se solidarizou com
o colega e pediu uma reflexão sobre a segurança das fronteiras.
Plínio Valério (PSDB-AM), Ciro Nogueira (PP-PI), Astronauta Marcos
Pontes (PL-SP) e Tereza Cristina Corrêa (PP-MS) também prestaram
solidariedade a Moro. LulaO senador Jorge Seif (PL-SC)
classificou a ameaça contra Moro como lamentável e criticou a
atuação do Estado brasileiro. Segundo Seif, o Judiciário proíbe a
polícia de “subir o morro” e o governo trabalha contra o armamento
da população. Ele também criticou Lula. E disse que considera o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como crime
organizado.— O Estado brasileiro está sob ataque. São sinais que o
governo atual tem dado para a criminalidade — declarou Seif.
Para Eduardo Girão (Novo-CE), trata-se de um ataque que não
se limita à família de Moro. Girão pediu uma resposta rápida, com
leis que possam inibir esse tipo de situação. E, assim como Moro,
criticou o presidente Lula por ter dito que, quando estava preso,
pensava em se vingar do senador pelo Paraná. Segundo Girão, é
preciso serenidade neste momento. Cleitinho (Republicanos-MG)
cobrou de Lula uma nota de solidariedade a Moro — ele citou a
história bíblica do juiz Josué e defendeu o armamento da
população.PolitizaçãoO líder do governo no Senado, Jaques Wagner
(PT-BA), disse que se manifestava por ele e por Lula ao manifestar
solidariedade ao colega. Ele elogiou o trabalho da Polícia Federal
por atuar “sem olhar a coloração partidária”. Para Wagner, é
preciso comemorar a atuação das forças policiais e a postura
democrática do presidente Lula. Ele lamentou as críticas de outros
colegas ao presidente e agradeceu às forças policiais pelo combate
ao crime organizado.Fabiano Contarato (PT-ES) disse que o PT
repudia totalmente as ameaças contra Moro e outras autoridades.
Contarato se solidarizou com o colega e ofereceu apoio ao projeto
de Moro. Também destacou a impessoalidade da atuação da Polícia
Federal e afirmou que os governos petistas sempre respeitaram as
instituições. E afirmou que foge à razoabilidade vincular as
ameaças do crime contra Moro ao presidente Lula.Ao manifestar
solidariedade a Moro, Renan Calheiros (MDB-AL) declarou que o
Senado nunca permitiu que um senador corresse risco de vida. Ele
disse que o Senado vem, ao longo dos anos, contribuindo para os
avanços no combate ao crime organizado. E prometeu que a Casa vai
trabalhar, com urgência, na apresentação de matérias nesse sentido.
Renan pediu que o caso não seja politizado, definindo o presidente
Lula como homem e político correto, que fará de tudo para que
os acusados sejam punidos.— Quero apresentar minha solidariedade [a
Moro] — disse Renan, que ainda elogiou a atuação do ministro da
Justiça, Flávio Dino.Jorge Kajuru (PSB-GO) lembrou que passou uma
situação parecida com a de Moro, em que teria sido vítima de
ameaças do PCC — mas que posteriormente essas ameaças se revelaram
uma armação de um programa de TV. Segundo Kajuru, o presidente Lula
demonstrou apoio e solidariedade a ele quando isso ocorreu, no ano
de 2003. O senador por Goiás pediu para que ninguém politize a
situação. E lembrou que foi a Polícia Federal do governo Lula que
atuou contra a ameaça a Moro. Weverton (PDT-MA) afirmou que toda a
Casa tem de estar unida na solidariedade a Moro e no combate ao
crime organizado. Ele também elogiou o governo do presidente Lula,
que teria agido contra o crime de forma
republicana.InterferênciaSoraya Thronicke (União-MS) também
manifestou solidariedade a Moro e o parabenizou pela apresentação
do projeto. Ela disse perceber que as instituições estão
funcionando e que, agora, não existe interferência na Polícia
Federal. Soraya ainda agradeceu a atuação do ministro Flávio Dino
por trabalhar de forma republicana.Líder do governo no Congresso,
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) elogiou a iniciativa de Moro em
apresentar um projeto que intensifica o combate ao crime
organizado. E destacou a atuação da Polícia Federal.— Ainda bem que
voltamos a ter uma Polícia Federal que não aceita interferência
política. Interferência essa que foi denunciada pelo senador Sergio
Moro quando ele era ministro da Justiça. Esse tempo em que houve
interferência política acabou, porque a Polícia Federal voltou a
ser do Estado — declarou Randolfe, que ainda fez críticas ao
ex-presidente Jair Bolsonaro.
Moro agradece às forças policiais e apresenta projeto contra crime organizado
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