Em sessão realizada por iniciativa do deputado Karlos Cabral (PSB), goianas de diferentes áreas de atuação, que lutam pelo fortalecimento do protagonismo feminino, receberam o Certificado do Mérito Legislativo e a Premiação Chica Machado.
A solenidade foi realizada no auditório do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), em Rio Verde, e prestigiada por diversas personalidades da cidade e região, como a deputada federal Marussa Boldrin (MDB), a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Rio Verde, Jaqueline Camargo, a juíza substituta da Segunda Vara de Rio Verde, Marcela Cardoso Schutz, além de vereadores de municípios vizinhos.
Após a execução do Hino Nacional, a escritora Nayane Rezende contou um pouco da história de Chica Machado, que dá nome à comenda. Segundo ela, Chica foi uma mulher negra, ex-escrava, muito influente na região de Niquelândia, onde viveu por volta de 1750.
Segundo a escritora, além de libertar muitos irmãos e irmãs negros escravizados, Chica Machado foi contra todas as injustiças e convenções da época. “Ela nos deixou de herança, o exemplo de não conformidade com a sociedade em que vivemos.”
Em seguida, Nayane declamou o poema “Uma Mulher de Todos os Tempos”, que ela escreveu inspirada na trajetória de Chica Machado.
Sem coitadismo
O deputado Karlos Cabral esclareceu que a homenagem da noite não foi para fazer um reconhecimento saudosista, nem de “coitadismo”, mas sim para reconhecer as dificuldades e desafios enfrentados em função dos múltiplos papeis desempenhados pelas mulheres. “Homenagear, nessa noite, as mulheres, não é aquela homenagem bonitinha, de ‘ah, que maravilha, mulheres são rosas’, não, mulheres são pessoas fortes, que batalham uma jornada, muitas vezes duplas, muito mais que nós, homens, por isso essa homenagem é justa, merecida e necessária.”
Segundo o deputado, quando chegou à Assembleia Legislativa e tomou conhecimento da Comenda Berenice Artiaga, ele avaliou que a limitação de concessão da honraria a apenas duas mulheres, era muito pouco e, por esse motivo, criou a Comenda Chica Machado, para que mais mulheres pudessem ser homenageadas.
O parlamentar lembrou dos projetos apresentados por ele, na Alego, em benefício das mulheres, como o PL 4974, que propõe criar o serviço de denúncia de violência contra a mulher 24 horas por dia, pelo aplicativo WhatsApp, e o PL 7859/19, que busca garantir o atendimento, nas delegacias, por policiais do sexo feminino a mulheres vítimas de violência doméstica, entre muitos outros.
Ele pontuou que a pouca participação da mulher na política no Brasil, mesmo sendo elas maioria no eleitorado, é mais uma marca do machismo reinante no país. E assinalou que a representatividade feminina no Parlamento Federal em nosso país é menor do que no Afeganistão, país excessivamente conservador, autoritário e limitante no que diz respeito ao direito das mulheres. “Isso é uma prova de que nós precisamos avançar muito na representação política das mulheres no Congresso.”
Representante da cidade de Rio Verde, deputada federal Marussa Boldrin falou do desafio de exercer o cargo de parlamentar, especialmente, ao ter que ficar longe dos filhos, sendo que o mais novo tem apenas 2 anos.
Ela parabenizou cada uma das mulheres homenageadas, afirmando que todas têm, à sua forma, uma história merecedora. E afirmou que seu gabinete está aberto a todas as mulheres. “Contem com meu trabalho e tenham orgulho de ter uma representante do seu município na Câmara Federal lutando por nós.”
Falando em nome das homenageadas, a juíza de paz e tabeliã substituta Aline Pikler Callegari abordou as formas de violência contra a mulher. Segundo ela, muitos acreditam que o que pode ser considerado violência é apenas quando acontece a agressão física, mas existem outros tipos, como a violência sexual, patrimonial e moral.
“Mas eu entendo que a violência psicológica é a pior, porque ela não é como um roxo que cura depois de 15 dias, ela causa dor na alma da mulher. Ela traz depressão, ansiedade e muitas mulheres têm medo de falar e serem desacreditadas, porque ninguém vê”, afirmou Aline.
E pediu que mulheres vítimas de violência procurem a delegacia especializada, o juizado, ou Ministério Público, peçam ajuda, que serão acolhidas. Ela revelou que foi vítima de violência e que, ao pedir ajuda, foi atendida. “Não tenham medo, não tenham vergonha. Nós devemos ser respeitadas e queremos andar livres, sem sermos agredidas, sem sermos violentadas, mortas, pelo simples fato de sermos mulheres”.
A jornalista Wênia Alves Alecrim parabenizou as homenageadas e ressaltou o papel do feminismo na luta pelos direitos das mulheres. Segundo ela, muitas mulheres fazem essa luta diária, mas não se autodeclaram como feministas, por medo da nomenclatura.
Após os pronunciamentos, houve uma apresentação musical da cantora Kêmila Goulart, acompanhada ao violão por Daniel Giovani. Em seguida foi feita a entrega das honrarias às homenageadas.
Por iniciativa de Karlos Cabral, mulheres são homenageadas em sessão itinerante da Alego, na cidade de Rio Verde
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