A 10ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher foi apresentada em audiência na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) nesta terça-feira (21). Elaborado pelo Instituto DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV) do Senado Federal, o estudo aponta que pelo menos 30% das mulheres do país já sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar provocada por um homem.
A Procuradora da Mulher no Senado, senadora Zenaide Maia (PSD-RN), presidiu os trabalhos. Ela destacou a importância das informações levantadas, ressaltando que os dados são fundamentais para a implementação de políticas públicas que garantam o combate à violência de gênero e permitam que o país avance de modo mais veloz nesse enfrentamento.
— Informação é poder. Ninguém empodera o povo sem a informação correta. O tema de hoje é uma das pautas mais edificantes, construtivas e educativas que o Senado está tendo, mas é preciso que a mídia divulgue para que mais pessoas saibam desses dados — conclamou, parabenizando os envolvidos no estudo e afirmando que é preciso dar visibilidade ao trabalho.
A pesquisa acompanha a percepção e a vivência das mulheres brasileiras sobre a violência doméstica e familiar bienalmente, desde 2005, compondo a série histórica mais antiga sobre a temática do país. Neste ano, entrevistou mais de 21,7 mil mulheres em todo o Brasil, número recorde que permitirá que as análises sejam ampliadas por unidades da Federação.
As senadoras Damares Alves (Republicanos-DF) e Teresa Leitão (PT-PE) prestigiaram o lançamento. Compuseram a mesa de abertura a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, a diretora da Secretaria de Comunicação Social, Erica Ceolin, a diretora da Secretaria de Transparência, Elga Lopes, e a especialista em proteção social do Banco Mundial, Rovane Schwengber.
A chefe do serviço de pesquisa e análise do DataSenado, Isabela Campos, foi quem apresentou os dados e destacou que, no painel interativo, é possível ver as informações completas e navegar nos dados usando outras variáveis, além da renda. A gestora do OMV, Maria Teresa Prado, espera que a base de dados contribua com gestores públicos.
— Oferecemos mais dados e recursos para entender a complexidade que envolve a violência contra a mulher. Isso possibilita que as políticas públicas cheguem aonde têm que chegar — acredita.
Participaram também da apresentação o consultor legislativo Henrique Salles Pinto, o coordenador do instituto de pesquisa DataSenado, Marco Ruben de Oliveira, e a pesquisadora do Instituto Avon, Beatriz Accioly Lins.
A pesquisa
Três a cada dez mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência doméstica provocada por um homem, mostra o estudo. Aquelas com menor renda são as maiores vítimas de agressão física, e o tipo de violência mais recorrente é a psicológica, cometida contra 89% das mulheres. Mesmo entre as mulheres que declaram não ter sofrido algum tipo de violência doméstica nos últimos 12 meses, 29% disseram “sim” a pelo menos uma das questões listadas quando alguns tipos de violência foram discriminados.
No comparativo histórico, 43% das vítimas em 2019 continuavam casadas com seus agressores, número que diminuiu para 26% em 2023, mostrando que a maior parte está conseguindo colocar fim a casamentos abusivos. A pesquisa também mostra que 94% das mulheres também terminam namoros agressivos.
Quando o fim do relacionamento não é suficiente para cessar as agressões, é possível solicitar ao Judiciário uma medida protetiva de urgência. Entretanto, 48% das mulheres declaram que houve descumprimento.
Mapa de Violência de Gênero
O Mapa Nacional de Violência de Gênero, elaborado pelo OMV juntamente com o Instituto Avon e a Organização Social Gênero e Número, terá a pesquisa como carro-chefe e será repositório nacional das bases da Saúde (o Sistema de Informações de Mortalidade e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do DataSUS), da Justiça (CNJ-DataJus) e da Segurança Pública (Sinesp), possibilitando o cruzamento de dados.
O lançamento do Mapa será nesta quarta-feira (22), na sala de audiências da presidência do Senado, às 11h. À tarde ocorrerá o seminário de apresentação, no Auditório Antonio Carlos Magalhães no Interlegis, das 14h às 18h, com cobertura da TV Senado.
Dados de violência contra mulher são essenciais para combater problema, diz Zenaide
Compartilhe