Affonso Honorato explica que estudos da OMS recomendam que dose diária da substância não pode ultrapassar 200 mg, ou seja, aproximadamente duas xícaras
O consumo de cafeína durante a gestação é um tema que levanta debates entre os profissionais da saúde, seja relacionado aos potenciais riscos para a mãe ou para o bebê em desenvolvimento. Para o diretor-técnico do Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), Affonso Honorato, ginecologista e obstetra da unidade de saúde do município de Goiânia, situada na Vila Redenção, a cafeína durante a gravidez deve ser restringida a 200 mg por dia, o equivalente a aproximadamente duas xícaras de café.
Essa recomendação está alinhada com as diretrizes atuais da Organização Mundial de Saúde (OMS), estabelecidas após estudos multinacionais que envolveram instituições como a Royal Society of Medicine e a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo).
O obstetra explica que, ao ultrapassar esse limite de consumo, podem surgir efeitos que incluem desde abortamentos em gestações iniciais, até complicações durante o pré-natal, como restrição de crescimento fetal e taquicardia.
“Cada período tem seus riscos. No período inicial da gestação, o excesso da substância aumenta o risco de abortamento. Durante o pré-natal, o alto consumo de cafeína pode ocasionar uma má placentação — uma anomalia genética que pode ocorrer no início de uma gravidez, quando o embrião não se desenvolve normalmente —, o que resultará em sofrimento fetal crônico, ou mesmo uma taquicardia fetal, o que resultará em sofrimento fetal agudo”, alerta o médico.
Além do café, Affonso Honorato chama a atenção para outras fontes de cafeína que as gestantes devem evitar ou moderar, tais como energéticos, chá-mate, chimarrão, guaraná, chocolates, chá verde e refrigerantes a base de cola. “De maneira geral, tento orientar quanto ao uso restrito da cafeína. Oriento sobre as duas xícaras diárias, mas que, se possível, evite ao máximo seu uso. Muitas pacientes mostram a necessidade de seu uso diário para evitar cefaleia e mal-estar, logo acredito que seja um equilíbrio”, afirma.
O obstetra reforça que cada paciente deve ser avaliada de forma individual, sendo importante esclarecer quaisquer dúvidas com o profissional de saúde durante o acompanhamento pré-natal, enfatizando a necessidade de um diálogo aberto e contínuo entre médico e paciente para garantir uma gestação saudável e segura.
Fotos: SMS