A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que a reforma ministerial só será anunciada depois de votado o processo de impeachment no plenário da Câmara dos Deputados. Dilma visitou a Base Aérea de Brasília para conhecer a aeronave KC-390 da Embraer.
— O Palácio do Planalto não está pretendendo transformar qualquer reestruturação ministerial antes de qualquer processo de votação na Câmara. Nós não iremos mexer em nada — disse Dilma, negando em seguida que o Ministério da Educação entre num futuro desenho dos ministérios:
— O MEC não está em questão.
Na edição desta terça-feira, O GLOBO mostrou que um dos motivos pelo qual o governo decidiu adiar a reforma ministerial é o medo de traições de aliados.
Perguntada sobre a proposta do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) de fazer eleições em outubro, a presidente ironizou, dizendo que os parlamentares têm de abrir mão de seus cargos antes. Dilma afirmou também que a proposta do peemedebista não passa de uma “proposta”.
— Essa proposta, como várias outras, são propostas. Eu acho que é uma proposta. Convença a Câmara e o Senado a abrir mão de seus mandatos. Aí vem conversar comigo.
A presidente voltou a dizer que é golpe tentar o impeachment usando os argumentos dos decretos presidenciais que liberaram recursos orçamentários sem autorização do Congresso, e das pedaladas fiscais – o represamento de recursos a bancos públicos responsáveis por fazer pagamentos de benefícios e programas sociais.
— Acho lamentável que essa questão, tantos os decretos quanto as pedaladas fiscais, acho que qualquer tentativa de transformar isso em impeachment é golpe. É golpe porque não tem base legal — disse Dilma.
Questionada se ela concordava com o argumento do ministro José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União (AGU), de que o pedido de impeachment foi aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como vingança contra o governo, Dilma respondeu:
— Vocês (jornalistas) noticiaram. Sugiro que vocês peguem todas as notícias da imprensa e façam um roteiro: o que vocês disseram e o que aconteceu. Também tem que ter essa responsabilidade jornalística. Não fomos nós que noticiamos na antevéspera na aceitação do pedido (de impeachment).
PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS
Dilma negou que o governo vá pressionar pela redução do preço da gasolina, o que geraria uma notícia de apelo popular em meio ao processo de impedimento. Mas destacou que há uma diferença entre o preço praticado no Brasil e no exterior.
— O governo não tem nada a ver com subir ou baixar o preço da gasolina. O que eu acho interessante é o seguinte: toda vez que é para subir, o governo não deixa. Toda vez que é para descer, o governo não quer. Então fica difícil. O problema é que, por qualquer avaliação, há desde o ano passado uma discrepância entre o preço praticado no Brasil e o preço praticado lá fora. Então, se a Petrobras achar por bem fazê-lo, é o caso dela fazer. Se ela achar por bem não fazer, é o caso de não fazer. Agora, que a discrepância existe, ela existe — afirmou Dilma. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 7635