Governadores dos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás determinaram o recolhimento imediato do livro ‘O Avesso da Pele’ das escolas públicas, citando linguagem considerada inadequada para a faixa etária dos estudantes. O governador Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul, afirmou que a decisão foi tomada devido a expressões e jargões presentes na obra, que inviabilizariam sua utilização pedagógica. A medida gerou críticas do autor Jeferson Tenório, que a considerou inconstitucional e uma forma de censura, enquanto a Academia Brasileira de Letras repudiou a ação, defendendo o direito à cultura e educação.
O Ministério da Educação (MEC) esclareceu que a permanência do livro no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é voluntária e que a escolha das obras é feita de forma transparente e isonômica, com avaliação por professores e especialistas. Enquanto isso, os governos de Goiás e Paraná também anunciaram o recolhimento da obra para análise, alegando que certos trechos podem ser inadequados para menores de dezoito anos. A medida, segundo as secretarias de educação, visa alinhar o material didático ao currículo e objetivos de aprendizagem, respeitando a proposta pedagógica da rede pública.
O caso levanta debates sobre liberdade de expressão e censura, com críticos argumentando que a medida fere princípios democráticos e o direito à cultura. Enquanto isso, defensores da ação destacam a necessidade de proteção dos estudantes e a adequação do material pedagógico ao contexto educacional. O recolhimento do livro ‘O Avesso da Pele’ evidencia os desafios enfrentados na seleção e uso de materiais didáticos nas escolas públicas brasileiras, em um cenário marcado por tensionamentos entre liberdade artística e preocupações com a formação e proteção dos jovens.